quarta-feira, 4 de novembro de 2009

ALFABETIZAÇÃO II


UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE EDUCAÇÃO
CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA- ENSINO FUNDAMENTAL/SÉRIES INICIAIS
PROF.ª: GEOVANA ZEN
ATIVIDADE: ALFABETIZAÇÃO II
CURSISTAS: Dulcenalva, Eriande, Gervasio, Gicelia , José Nildo e Nubianei


RELATÓRIO DA AULA DE LEITURA

"As crianças não aprendem simplesmente porque vêem os outros ler e escrever e sim porque tentam compreender que classe de atividade é essa...não aprendem simplesmente porque vêem letras escritas e sim porque se propõem a compreender porque essas marcas gráficas são diferentes das outras... não aprendem simplesmente porque vêem e escutam, e sim porque elaboram o que recebem, porque trabalham cognitivamente com o que o meio lhe oferece."( Emília Ferreiro)

INTRODUÇÃO

No processo de construção da aprendizagem é essencial a troca de experiência de conhecimento e de informação entre os alunos. A aprendizagem é desencadeada por situações nas quais os alunos vão interagir com outros que tenham conhecimentos próximos, embora diferentes. Assim podendo ampliar seu conhecimento, refletir sobre o que está escrito, testando suas hipóteses quanto aos aspectos quantitativos e qualitativos.
É importante saber que partimos do pressuposto de que a criança aprende a partir de desafios, nos quais dentro do processo de aprendizagem pensamos o tempo todo em situações de desestabilização do saber para que, diante desses desafios, a criança perceba que ainda não sabe tudo. Quando esta acha que já sabe, pensamos em uma situação desafiadora para que, a partir de então, busque outros saberes e construa novos conhecimentos.
Pensando assim, foi realizada uma atividade de leitura com alunos do 1º ano do ensino fundamental, na sala da professora Nubianei, na Escola Municipal Paraíso, com a perspectiva de identificar como as crianças conseguem ler, mesmo antes de apropriar da competência leitora. Foram agrupados alunos com hipóteses de leitura quantitativa e outro grupo com a hipótese qualitativa. Escolhemos trabalhar com títulos de histórias infantis, visto que a professora já vinha desenvolvendo um projeto de leitura envolvendo os contos infantis. Assim foram distribuído tirinhas com nome de histórias infantis que eles já tinham conhecimento. Os grupos ficaram assim organizados:
Grupo quantitativo:
Ludimila, Helem,Douglas e Diego
Esse grupo trabalhou com as histórias: Pinoquio, João e Maria e João o pé de feijão, foi apresentado ao grupo de alunos, as fichas falando o nome de cada conto que estavam escrito e colocando sob a mesa, em seguida o professor pediu para que eles pegassem a ficha com nome João e o Pé de Feijão. Todos disseram de primeiro momento que a ficha com o nome Pinóquio seria a ficha de João e o pé de feijão. Douglas interferiu, dizendo que não era, porque João começa com J. Os colegas afirmaram que a ficha do Pinóquio continuava sendo o nome João pé de feijão, por que tinha a letra A, Perguntei se nas outra palavras também não havia a letra A, disseram que sim, e acrescentaram que tinham duas fichas que começavam com letras iguais.
O professor questionou: Com que letra iniciava o nome de João? Responderam: com Jo, e Diego, falou que seria com G e O, e assim, todos resolveram descartar a ficha com o nome de Pinóquio, afirmando que aquele não seria mais o nome de João o pé de feijão. Porém o desafio foi aumentando, visto que as duas fichas começam com a mesma letra, assim ficaram em dúvida quanto, em qual das fichas estaria o nome correto, pois nas fichas estavam escrito João e Maria e João e o pé de Feijão.
Pensei que fossem pegar a ficha com o nome solicitado porque era maior, no entanto eles foram analisando as letras. Helem e Ludimila pegaram as fichas com o nome de João e Maria, Douglas e Diego pegaram o nome João e o Pé de feijão, aproveitei o momento para lançar mais um desafio, agora pedi para que Douglas fosse analisando as letras iniciais das palavras, chegando a uma conclusão e em fim escolheram a ficha correta. Procurei por que achavam que era aquela palavra e eles logo responderam:
Douglas, mostrou a ficha com o nome João e o pé de feijão e respondeu, porque nesse tem a letra E e O e nesse apontando para o nome João e Maria não tem. Helem, acrescentou, nessa aqui, tem letra do nome de meu pai, referindo a letra M do nome de Maria, meu pai se chama Maurício. E Diego acrescentou. Então o nome é Maria.
Perguntei se tinham certeza e pedi que lessem a outra ficha com o nome João e o pé de feijão. Helem, disse que tinha uma palavra com a letra F, apontando para a palavra Feijão e Douglas falou:
_ F é de faca, de Felipe, e Diego acrescentou : F de feijão, e logo todos concordaram que a ficha com o nome solicitado era ( João e o pé de feijão).
Observamos uma preocupação fundamental dos professores, que é criar situações que sejam desafiadoras e significantes para os alunos. Uma postura que ajuda a fazer uma leitura dos seus interesses, dos seus conhecimentos prévios e de suas necessidades é ouvir o que os alunos têm a dizer e observar em que situações eles se mobilizam para realizar com entusiasmo as atividades. Grupo qualitativos:
Mirla ,Kaik, Mary Hellem, Leonardo, Sabrina e Widile.
Pensando pelo lado qualitativo, a aquisição da base alfabética enfrenta os problemas ortográficos, (a identidade e o som não garantem a identidade de letras, nem a identidade de letras e de som). Para nos ajudar a refletir sobre o assunto, Emília Ferreiro (1985, p. 68) fala que: “A aprendizagem da leitura e escrita é muito mais que aprender a conduzir-se de modo apropriado, envolve a construção de um novo objeto de conhecimento que, como tal não pode ser diretamente observado de fora”. Além de refletir sobre a alfabetização cabe a nós professores dar oportunidade e motivação para que as crianças descubram o interesse pela leitura e escrita de forma prazerosa e tranqüila.

Apresentamos para esse grupo de alunos, as fichas com os nomes das historias , A Bela e a Fera, A Bela adormecida, Cinderela e o Pequeno Polegar, falando que eram nomes de historias conhecidas por eles, então as crianças desse grupo foram identificando os títulos das histórias pelas letras iniciais de cada palavra. Sabrina escolheu O pequeno Polegar e leu a Pequena Sereia, indicando a última letra para Sereia. Widile, pegou uma ficha e leu A Bela adormecida justificando que tinha a silaba “Do” de dorme, enquanto Marieli conseguiu ler sua ficha partindo da letra inicial e final de cada palavra, lendo e assinalando a primeira e última letra.” A Bela e a Fera”.
Enquanto isso, Widile, descordava da leitura da colega Sabrina, alegando que sereia não começa com a letra p, só pequeno de Pequeno Polegar. Pedi que lessem novamente as palavras “ sereia e polegar”, indicando a letra inicial de cada uma, facilitando a conclusão da leitura correta, para que Marieli não ficasse em dúvida. Como diz as autoras Ferreiro e Teberosky (1985 p. 196) ... “a criança abandona a hipótese silábica e descobre a necessidade de fazer a análise que vá mais além da sílaba pelo conflito entre a hipótese silábica e a exigência de quantidade mínima de grafias”.

É preciso reconhecer que a leitura e a escrita são atos complexos, em que a percepção, a linguagem e as capacidades cognitivas estão combinadas. Um problema de leitura pode nascer de uma dificuldade ou de uma deficiência em qualquer área. Afinal, cada criança pode ter um tipo de dificuldade que requeira uma estratégia em especial diferenciada, para possível solução. Para isso, o professor necessita, de um lado, aprofundar-se na busca de estratégias e conteúdo referente às questões de leitura e escrita, com um bom conhecimento sobre a realidade das crianças que lhe são confiadas. Barbosa (1994, p. 138) salienta que:
Se a questão da leitura é mobilizada e de interesse para o professor,seu próprio comportamento de leitor, as estratégias utilizadas por ele,as dificuldades que encontra irão sendo revistas. Nesse processo, observando as hipóteses e estratégias desenvolvidas pelas crianças, ele poderá fazer descobertas que melhoram sua própria performance de leitor e alterem o processo de ensinar a ler.
Em sua prática cotidiana, o professor deve assegurar demonstrações adequadas de leitura e escrita às crianças, situações essas que sirvam de objetivos específicos, nas quais seus alunos possam encontrar sentido e que ajudem também as próprias crianças a alcançarem suas respostas frente a leitura e escrita. O professor também necessita testar suas hipóteses, partindo do seu referencial teórico e do conhecimento que tem sobre as crianças. Sendo assim acontece uma construção conjunta de estratégias de ensino e de aprendizagem, envolvendo professor e aluno.

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